sábado, 29 de setembro de 2007

Cinco séculos de tradição...

Círio dos Marítimos de Alcochete - Cinco séculos de tradição - Alcochete pode e deve orgulhar-se de manter viva uma tradição, carregada de fé religiosa, há mais de 500 anos! São, pelo menos, cinco os séculos de intensa devoção e homenagem a Nossa Senhora da Atalaia.
Uma devoção alicerçada numa festa que ano após ano se inicia na véspera de Domingo de Páscoa e se prolonga por mais três dias, obedecendo a um conjunto de rituais, que, sofrendo ou não algumas alterações, os marítimos (barqueiros) de Alcochete transportaram até aos dias de hoje.
Registos que permitam sustentar com rigor a origem do Círio dos Marítimos de Alcochete, não existem. A história do Círio tem sido preservada através da tradição oral e tem ganho interpretações diversas ao longo dos tempos. Momentos baixos, momentos altos em cinco séculos, não custa imaginar que a festa terá tido os seus altos e baixos. Ainda há uns anos, aliás, a devoção a Nossa Senhora da Atalaia passou duras provas, atingida em pleno pelo decréscimo da actividade marítima. Por essa altura, os festeiros contavam com algumas dezenas de participantes no Círio. Actualmente, o número ultrapassa o milhar e a festa de maior tradição em Alcochete, mostra capacidade de adaptar-se a épocas e realidades diversas. «A festa realizada em 1960 movimentou 12 mil e 800 escudos», hoje já movimenta perto de (100 mil euros).
Do «bocadinho de pão com conduto» de outrora, oferecido aos rapazes que levavam os burros, aos 1200 kg de carne e 400 kg de bacalhau confeccionados actualmente, distam pouco mais de quatro décadas. Alcochete continua a fazer história. A vila de Alcochete «desperta» ao som da gaita, uma gaita-de-foles. Chegou o Chininá, vulgo gaiteiro!
É Sábado de Aleluia e este é o ritual que anuncia o início do Círio dos Marítimos de Alcochete.
No dia seguinte, Domingo de Páscoa, à medida que a tarde avança, as pessoas vão perfilando nas ruas da Vila, ansiosas por um dos momentos mais altos das comemorações - «o cortejo de burros». Todavia, é na segunda-feira, com a realização de Missa na Igreja de Nossa Senhora da Atalaia, seguida de Procissão e de um leilão de bandeiras e fogaças, que a festa assume, para as gentes locais, maior relevo. Hoje, o leilão, que é efectuado no Adro da Igreja da Atalaia já reúne cerca de 140 bandeiras. Para cada uma delas a base de licitação ascende aos 500 euros, excepção feita ao guião, cujo valor mínimo se cifra perto de 2500 euros. Após o leilão, ruma-se a Alcochete para se proceder a novo «cortejo de burros». Na terça-feira, finalmente, tem lugar um desfile a pé, pelas ruas da Vila, em homenagem à comissão organizadora dos festejos. E, assim, o povo de Alcochete continua a fazer…história!






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