A actividade salineira, até há bem pouco tempo, era notável e desenvolvia-se de Norte a Sul do País, em quase todas as zonas estuarinas e lagunares costeiras.
Em Alcochete, a salicultura constituiu, durante séculos, principal actividade económica. Com os seus tanques, em jeito de janelas abertas na terra, as salinas polvilhavam os sapais e quebravam a monotonia da paisagem com as suas brancas serras de sal erguidas nas planuras verdes e húmidas dos estuários. A progressiva perda económica do sal levou, contudo ao encerramento e abandono de inúmeras salinas um pouco por todo o lado.
No estuário do Tejo as salinas da Fundação João Gonçalves Júnior, sob gestão do município de Alcochete, são as únicas que ainda restam em actividade contínua. A importância ecológica das salinas tem vindo a ser reconhecida desde a década de 70. Por se localizarem nos sapais das zonas húmidas funcionam como locais de refúgio e abrigo para aves aquáticas, contribuindo decisivamente para a conservação de espécies sensíveis e ameaçadas.
A grande diversidade de aves que se pode observar nas salinas está intimamente ligada à estrutura dos seus tanques e canais de água. Desde os chamados viveiros da salina até aos cristalizadores, as salinas apresentam um gradiente de colunas de água que disponibiliza condições de habitat óptimas para diversas espécies, desde aquelas que habitam os profundos viveiros das marinhas até às outras que se alimentam nos baixos tanques cristalizadores.
No estuário do Tejo as salinas de Alcochete servem de abrigo e refúgio às dezenas de milhar de aves aquáticas invernantes que anualmente demandam os extensos campos de lama para se alimentarem antes de prosseguirem nas suas rotas migratórias. Já na época de nidificação as salinas são o habitat privilegiado para outras espécies que, vindas de África, encontram nelas as condições ideais à reprodução.
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